quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Eu Lírico


Eu Lírico


Meu “eu lírico” é masculino,
Forte, bravo, guerreiro...
Forjado na espada,
De coragem e bravura
Como jamais existiu igual.

Um homem de guerras e paz,
De muitas tristezas e poucas alegrias.
Ser incomparável... Bruto de pele macia,
De toque sutil, romântico incorrigível,
Sonhador e realista, marcante e inesquecível...

Sou Homem! Quando escrevo, quando luto,
Quando brigo... Nada disso! Nem pense!
Apenas o meu “eu lírico” é homem.
Honro as calças que visto...
Em cada letra, em cada verso que escrevo.

Nesta veste feita de carne e osso têm...
Homem e Mulher numa luta constante
Entre ser forte e ser frágil,
Entre fazer guerra ou paz,
E nada há nas entrelinhas, apenas tua imaginação.

Perfídia


Perfídia




Derrama-se sobre mim perfídias,
Donde quer que eu vá, perfídias.
No mundo perfídias.

Nada mais resta, não há perdão,
Não há razão, tudo em vão.
No choro ou no riso,

Parece um guiso.
Em frente, atrás,
Aos lados, quaisquer,
Perfídia, toda vida.

Espero, tento, perdôo,
Na forma, na hora,
Seja dentro ou fora,

A perfídia aflora,
Com unhas e dedos,
De fácil apontam.

Aos montes surgem,
Pestes alastram-se
Rastro de pólvora

Incêndio que não se apaga,
Qual é o preço que se paga,
Pela perfídia que se alastra?


 09/07/2010








Nudez


Nudez




Sigo...  Nesta vasta rua.
Interminável inverno
Que aprisiona minha alma.

Vá embora, sem demora,
Para que lá fora
Renasça a aurora
Quente, sorrindo

Para que meu corpo
Possa mostrar-se nu
Diante de Deus.

Alma liberta, longe da Terra,
Como águia, pairando no céu,
Observando o mundo;

Longe da hipocrisia
Sem fingimentos e desgraças,
Recebo a tua Graça.

Mergulho no Cálice Sagrado
Minha nudez, de corpo e mente,
Dou-lhe minha essência como presente.

E vejo tão somente
Um raio de sol reluzente,
Acariciar minha nudez, teu presente...



 09/07/2010

Brisa


Brisa

Brisa... Afagas meu rosto.
Meus passos marcados na areia,
E, Num momento súbito, vem o Mar...
Levando as pegadas da minha triste existência.

De repente não mais existo,
Surgindo noutra dimensão,
Como elixir, a alegria chega
Em meu rosto atormentado.

Uma brisa quente enfim me acaricia,
Em minha boca uma doce maça,
Fruto da tentação,
Treme minhas mãos...

Brisa que brinca em meu rosto,
Afaga meus cabelos,
Teu toque me conforta,
Enche-me de esperança.

Em minha mente confusa,
Devaneios loucos e inconseqüentes
Bombardeiam este coração doente,
E novamente esta maça...

Em minha boca quente...
Minha mão treme...
Uma febre sinto, em meu corpo doente,
O desejo me consome...

Brisa refresca!... Cura!...
Esta alma febril,
Lobo a uivar. Esta noite
Irei para outra dimensão.

Brisa me afaga!
Leva-me!...
Longe daqui, perto do Mar,
Da lua, das estrelas...

No aconchego da nuvem,
Deixa-me morrer e...
Morderei esta maça...
Libertarei o lobo que habita dentro de mim...

Brisa vem...

09/07/2010

À Noite


À Noite

Um Vampiro no escuro,
Sedento em ver-te.
Quero sair deste túmulo!
Deste petrificante mausoléu.
Ressuscita-me Deus, eu preciso.
Sinto frio! Não gosto de frio!
É úmido, escuro e assustador aqui dentro.
Quero libertar-me! Não da noite,
Mas das correntes que me prendem
No túmulo da indiferença, do Medo da Existência...
Quero a noite e as estrelas, livre a caminhar...
Não quero mais vagar! Espectro a flutuar.
Folhas secas ao chão... E o vento a soprar...
Vampiro ignorado, sozinho; mas temido.
Não sei por quê? Não bebo sangue!
Minha sede é de coragem, de vida.
Quero ser, mas não consigo...
Ouço gritos, e de novo cá estou,
 Entre as correntes, Vampiro doente,
 Neste túmulo a dissipar...







Eliane Galante de Lima

De Dia


De Dia

Vejo no Céu o Sol radiante feliz a bronzear-te;
Nuvens Brancas... Poucas, bolas de algodão,
Num cenário azul celestial.
De vez em quando, alguns curiosos pássaros voam
Sob Ele a celebrar.
E num movimento circular, o Sol parece pular.
Quando chega o entardecer...
Vêm com a brisa do Mar afagar
 O rosto molhado de lágrimas e dor.
No silêncio, contemplo... Cada passo na areia...
Pegadas de uma vida inteira.
Observo o vai e vêm das ondas...
Fito ao longe um barco...
Há alguém a observar...  Mas foi embora!
Talvez alguém decepcionado, assim como eu...
À espera do fim da existência, do olhar e contemplar...
Tão doce e tão belo cenário,
Mas tão podre, de gente tão hipócrita,
Que não desejo mais estar...




 Eliane Galante de Lima

Abraço


Abraço
 
 
 
Às vezes me pego pensando...
Em teu colo, em teu carinho,
Às vezes me pego a desejar-te.
 
Às vezes me pego querendo...
O teu aconchego, o calor dos teus braços,
A ternura eternizada neste gesto tão sublime.
 
Às vezes me pego a imaginar...
Que estou num lindo campo,
Num dia de sol radiante,
 
Deitada com a cabeça sobre o teu peito,
Num suspiro profundo, sem medo, sem culpa.
Um sentimento me transborda a alma...
 
Uma paz inexplicável atinge meu ser...
De que nada nos afligirá e...
Mesmo que o mundo acabe...
 
Este momento sempre existirá,
Em meus pensamentos,
Em breves momentos;
 
No sonho ou na realidade,
Neste corpo ou no espírito,
Desejarei teu aconchego...
 
Nem o mago nem a bruxa,
Nem o homem nem o bicho,
Tirar-me-ão do meu abrigo.
 
(Eliane Galante de Lima)